A Mulher do Pastor
- Pr. André Carvalho
- 30 de nov. de 2015
- 2 min de leitura
Está mulher não tem nome, ela sempre será chamada de: “A mulher do Pastor ou a Pastora”.
Ela precisa ser a mais dedicada das mulheres da igreja, ser esposa de pastor na contemporaneidade tornou-se um desafio diferente de alguns anos atrás.
Certa vez diz um testemunho, um casal de amigos, cujo marido era pastor, foi convidado em uma negociação para ele assumir o pastorado em uma nova igreja. A pergunta-chave foi: "O que a sua esposa sabe fazer?" O pastor-candidato retrucou: Como assim?, então, o interlocutor foi mais explícito no questionamento: "Ela sabe tocar piano? Ensinar no departamento infantil? Já foi líder do departamento de senhoras? Gosta de hospedar pessoas? Enfim, ela é um braço direito no seu ministério?”
Se essas perguntas fossem feitas no mundo corporativo e no mercado de trabalho em geral, surgiria logo a questão principal: 'Quem está sendo contratado, o pastor ou sua esposa? Mas, no mundo eclesiástico, percebemos facilmente que esse questionário é uma realidade ainda em nossos dias. Talvez, nos tempos atuais, a pergunta não fique restrita somente a tocar piano, ensinar e dirigir, mas também a pregar e trabalhar para ajudar nas despesas da família, afinal é bom ter o trabalho de dois e pagar somente a um.
Diante dessa realidade, algumas esposas de pastores têm-se sentido sufocadas com tantas cobranças feitas a elas no meio eclesiástico. A sensação é de estar exposta em uma vitrine 24 horas por dia, como se não fossem mulheres normais, com tensão pré-menstrual, conflitos, medos, perdas etc. Por outro lado, nenhuma igreja gosta de ter uma "pastora" que não participa em nada da igreja: a esposa do pastor deve ser alguém que sempre está pronta a servir a comunidade e dar bons exemplos. E aí começa o grande dilema – equilibrar as tarefas de modo a se fazer presente na vida da comunidade, sem se sentir sobrecarregada.
Ela não pode interferir no ministério do marido, não pode responder ás criticas feita ao pastor, não consegue expressar as suas necessidades, Ela deve ser o modelo de mulher cristã, além de ser uma boa dona de casa, boa mãe e esposa, Não deve reclamar do salário do marido, Ela não pode reivindicar exclusividade no tempo do marido e precisa estar sempre pronta a renunciar os momentos de lazer com a família, a fim de que o marido atenda uma ovelha aflita ou abdicar de seu marido em favor da igreja.
O fato é que nossas igrejas têm colocado expectativas irreais em relação às esposas dos pastores, cobrando-as sem valorizá-las. Por exemplo: são poucas as igrejas que fazem homenagem e dão presentes às esposas de seus pastores no dia do aniversário delas, porém, ao mesmo tempo exigem que sempre estejam bem vestidas, bonitas, cheirosas e de bom humor. Algumas igrejas até dão presentes, mas para casa e não para uso pessoal, valorizando assim o lar e não a pessoa em si. Por outro lado, vemos esposas frustradas por trabalharem tanto e não serem reconhecidas, e ainda escutando frases como "É obrigação da pastora fazer isso ou aquilo, afinal que é a mulher do pastor”.

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